Efeméride Bocage nasceu a 15 de Setembro de 1765 - sua história

 Bocage, o génio insubmisso

Bocage (1765-1805), o génio insubmisso. Um génio literário de seu nome Manuel Maria l’Hedoux Barbosa du Bocage.


Foi perto das margens do belo rio Sado que o poeta português nasceu, em pleno século XVIII, no dia 15 de setembro, na cidade de Setúbal, com o nome de Manuel Maria l’Hedoux Barbosa du Bocage.

Os pais

A sua mãe, de nome Mariana Joaquina Xavier l’Hedois Lustoff du Bocage, era francesa, oriunda duma região histórica do noroeste, chamada Normandia. O seu pai, José Luís Soares de Barbosa, era advogado. Bocage cresceu, portanto, num contexto propício à cultura e à instrução, tendo a sua educação incluído várias línguas (latim, francês e italiano), além de literatura.

Infância

Contudo, apesar da cultura a que teve acesso, o seu percurso infantil não foi um verdadeiro conto de fadas, tendo passado por momentos difíceis. Quando tinha apenas 6 anos, o pai foi preso e, com quase 10 anos, ficou órfão de mãe, que faleceu corria o ano de 1774.

Vida militar

No ano de 1781, com apenas 16 anos, Bocage alistou-se no Regimento de Infantaria nº 6, sediado em Setúbal, após abandonar os estudos em Humanidades. Em dois anos, cansa-se da vida militar e vai para Lisboa, onde contacta com o fascínio da vida da capital, influenciada pelo iluminismo francês.

A transferência da recém-fundada Academia dos Guardas-Marinhas para Lisboa, no ano de 1783, atrai Bocage, então com 18 anos. Um ano depois, deserta da Marinha. Em 1786, passou pelo Rio de Janeiro e pela Ilha de Moçambique, depois de ser enviado para Goa na qualidade de guarda-marinha.

Fuga

O seu percurso nesta área, leva-o a ser promovido a tenente. Depois de ser colocado em Damão, opta por abandonar este território, seguindo para Surate, na Índia. Passou também por Cantão e, posteriormente, por Macau. Aí viveu e de lá regressou em 1790.

Começa a escrever sobre o seu estilo de vida e as suas dificuldades financeiras mas, segundo alguns estudiosos, a paixão desenvolvida pela sua cunhada inspira-o a escrever sobre desgostos de amor e sobre desilusão amorosa.

Regresso a Lisboa

Em Lisboa, aderiu à recém-fundada Academia das Belas-Letras, a qual integrou, usando o pseudónimo Elmano Sadino, para assinar as suas obras. Foi aí que surgiram as suas primeiras publicações, nomeadamente: Elegia que o Mais Ingénuo e Verdadeiro Sentimento Consagra à Deplorável Morte do Illmo.

A estas seguem-se outras publicações, integra o Arcadismo (movimento inspirado pela Arcádia, região da Grécia), passando a escrever poesias que visam a Natureza, onde fala de pastores, ovelhas, mitologia clássica, entre outras características próprias deste movimento.

Vida boémia

Após a chegada a Lisboa, segue-se uma década de boémia, onde se entrega a inúmeras experiências que só o mundo da noite permite, repleta de sexo, vícios, prostituição, excentricidades e outras particularidades inerentes a quem frequentava o “bas-fond” noturno da cidade lisboeta da época.

Dificuldades financeiras e prisão

Para combater as suas dificuldades financeiras, Bocage trabalhou como tradutor.

Rebelde, revolucionário e inovador, este poeta escreveu vários poemas que foram contra o poder da época, nomeadamente contra a Igreja e o Regime. Em defesa da liberdade e contra os poderosos, publicou poemas como: Pavorosa Ilusão da Eternidade, Liberdade querida e suspirada ou Liberdade, onde estás? Quem de demora?

O seu talento com rédea solta acabou por ser nocivo para si, acabando por ser preso por crime de lesa-majestade, por “desbragamento de costumes e livre pensamento” ou por ser “autor de papéis ímpios e sediciosos”. Por ordem do intendente Pina Manique, no dia 10 de agosto de 1797, foi preso, tendo ficado na prisão do Limoeiro.

No mesmo ano, no dia 7 de novembro, foi transferido com os cárceres da Inquisição para o Mosteiro de São Bento. E daqui se seguiu uma transferência para o Hospício das Necessidades, dirigido pelos padres do Oratório, a qual ocorreu no dia 22 de março de 1798. Todo este processo foi certamente um acontecimento marcante na sua vida, acabando por influenciar a sua obra.

Vida repleta, mas curta

Na sua vida contacta com diferentes contextos culturais. Esteve no Brasil, em África, na China e na Índia. Uma experiência que enriqueceu e influenciou a sua obra. O seu talento explora diferentes vertentes da poesia: satírica, lírica e, até, poesia erótica. São também muito conhecidas as suas anedotas.

Foi no dia 21 de Dezembro de 1805, na cidade de Lisboa, que Bocage deu o seu último suspiro, vítima de um aneurisma. Foi sepultado no cemitério da Igreja das Mercês.



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