Efeméride 6 de Novembro de 1919 nascia Sophia de Mello Breyner Andersen


Sabiam que:

1. Sophia de Mello Breyner Andresen tinha raízes dinamarquesas e cresceu na cidade do Porto, cidade que o seu avô, Jan Andresen, visitou e não mais deixou;
2. Descendente de uma família de aristocratas, Sophia viveu no que é hoje o Jardim Botânico do Porto (na altura, Quinta do Campo Alegre), espaço que era uma fonte de inspiração para a poetisa,  tendo sido a natureza um dos temas mais importantes da sua obra;
3. Frequentou Filologia Clássica, na Universidade de Lisboa, embora não tenha concluído os estudos. Durante esse mesmo período, colaborou com a revista “Cadernos de Poesia”, onde conviveu com autores como Jorge de Sena, Ruy Cinatti, Tomaz Kim e José Blanc de Portugal;
4. Começou a escrever poesia aos 12 anos, e aos 25 (em 1944), lançou o seu primeiro livro – Poesia -, uma colectânea de poemas que escrevera até então, numa edição de 300 exemplares financiada pelo seu pai;
5. Para além de poetisa, foi contista (Contos Exemplares) e autora de livros infantis – A Menina do MarO Cavaleiro da DinamarcaA FlorestaO Rapaz de BronzeA Fada Oriana, etc. Foi também tradutora, tendo traduzido para português obras como A Anunciação a Maria de Paul Claudel,  Hamlet e Muito Barulho Por Nada de William Shakespeare, Medeia de Eurípides e Um Amigo de Leit Kristianson. Traduziu ainda poemas de Camões, Cesário Verde, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, para francês.

6. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o Prémio Camões, em 1999, tendo sido agraciada com um Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Aveiro, no ano anterior, e com o Prémio Rainha Sofia, em 2003, entre outras distinções;
7. Na segunda metade dos anos 50, manifestou abertamente a sua oposição ao salazarismo, sendo vários os poemas da autora que expressam um ataque ao regime (sobretudo nos seus livro Mar Novo, publicado em 1958, e  Livro Sexto, publicado em 1962, – no qual Salazar é retratado como um “velho abutre” cujos discursos “têm o dom de tornar as almas mais pequenas”. Recebeu o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores (SPE), dois anos depois;
8. Ainda antes do 25 de Abril, Sophia integrou a Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos. Naquele que apelidou de  “o dia inicial inteiro e limpo”, milhares de manifestantes ecoaram em Lisboa a palavra de ordem proclamada nas palavras de Sophia (e, posteriormente, imortalizada num quadro de Vieira da Silva): “A poesia está na rua”;
9. Em 1975, foi eleita deputada à Assembleia Constituinte, pelo círculo do Porto, nas listas do Partido Socialista, mas a sua experiência na política foi breve. Dedicou os últimos 30 anos da sua vida à escrita, todavia, sem nunca deixar de considerar a poesia como “uma luta contra a treva e a imperfeição. [Uma] tentativa de ordenar o caos, de nos salvarmos do caos”, algo que ela buscou ativamente, tanto nos seus poemas como na sua intervenção cívica;
10. Faleceu aos 84 anos, no dia 2 de Julho de 2004, em Lisboa, no Hospital Pulido Valente. A 2 de Julho de 2014, o seu corpo foi transladado para o Panteão Nacional – foi a segunda mulher lá sepultada (a primeira foi a fadista Amália Rodrigues). Contudo, a memória que nos fica de Sophia é, sobretudo, a de uma mulher que amou a natureza, o mundo, as palavras e o seu poder de transformá-lo. Durante a cerimónia de transladação, Rita Sousa Tavares, sua neta, recordou aquele que foi um dos seus grandes amores – o mar -, ao qual a autora dedicou inúmeros poemas: “Se lhe dessem a escolher entre um prémio literário e um último mergulho no mar, preferia o mergulho no mar”.



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