1569: o ano em que a peste matou 60 mil pessoas em Lisboa

A peste negra matou milhões de pessoas em toda a Europa e também em Portugal. 1569 foi o ano mais trágico, especialmente em Lisboa, causando 60 mil mortos.

Ano de 1569: quando peste matou 60 mil pessoas em Lisboa. É facto histórico comprovado, que a Cidade de Lisboa sofreu cerca de 20 períodos da epidemia da peste, sendo que o período mais avassalador foi já na era Moderna, no ano de 1569. Este período ficou conhecido como a Grande Peste de Lisboa.

Esta epidemia, que rapidamente se tornou numa pandemia, deu um corte bastante acentuado na demografia da cidade. Esta Grande Peste começou em Julho de 1569 e só terminou na primavera do ano seguinte.

Durante estes meses, morreram cerca de 600 pessoas por dia, num total de 60 000 no final da pandemia. Se antes mesmo deste período, Lisboa mantinha-se com uma elevada taxa populacional, após este negro período, Lisboa estava transformada numa autêntica necrópole.

Por toda a cidade, eram feitas preces públicas e procissões. Durante ambas, o povo implorava em gritos à misericórdia divina. Cristãos-novos eram vítimas de marginalização, sendo assim queimados e mortos, arrastados pelas ruas, apedrejados, ou seja, eram também considerados de certa maneira culpados, por tanto mal-estar a acontecer.
Parecia, não existir maneira de travar este período de morte negra, como era muitas vezes conhecido. Lisboa estava reduzida a um terço da sua população habitual.
A demografia da cidade estava completamente alterada e os níveis de mortalidade aumentavam de dia para dia. Parecia não existir já sítios para enterrar tantas vítimas, o que levou a que os corpos começassem a ser queimados, até mesmo como medida de protecção para evitar ainda mais a propagação da doença.
Crianças e mulheres eram completamente abandonadas à sua sorte, na rua pessoas eram deixadas a morrer, os médicos com os seus fracos conhecimentos, não conseguiam ter mão na doença, e nem mesmo as medidas de protecção conseguiam travar a epidemia que matava a cada dia que passava, mais gente.

Medidas de combate à propagação da peste, e penas aplicadas ao seu não cumprimento

Eram construídos estabelecimentos com destino aos portadores de peste e restantes portadores de doenças infecto contagiosas, que por sua vez, não podiam ficar nos Hospitais. Normalmente estes espaços, eram construídos em locais afastados das grandes massas populacionais, em zonas arejadas e longe das portas da cidade.
É ainda de constatar que nestas casas especiais, a população de origem pobre, era normalmente internada à força. D. João III teria mandado anteriormente a Veneza, uma delegação para se informar e inteirar de todas as medidas sanitárias a adoptar para o combate da peste.
Finalmente no ano da Grande Peste de Lisboa, foi a vez de D. Sebastião mandar vir de Sevilha dois médicos, com grande experiência no combate a esta doença. Ambos especialistas, organizaram várias medidas e protecção à propagação da peste, que deram às autoridades olisiponenses, para que estas as fizessem cumprir. Algumas dessas medidas eram:
  1. Reforçar o abastecimento de víveres à cidade;
  2. Acender fogueiras de lenhas aromáticas na via publica de manhã e à noite;
  3. Proceder a limpeza das ruas;
  4. Evitar expor ao ar o sangue obtido das seringas;
  5. Proceder ao encerramento dos banhos públicos;
  6. Mandar queimar as roupas de menor valor das pessoas atacadas pela doença;
  7. Colocar de quarentena os navios de transporte de escravos;
  8. Lançar ao mar as imundices;
  9. Contratação de médicos para cuidados domiciliários;
  10. Mandar enterrar os mortos em covas fundas e com uma grande camada de cal viva por cima dos corpos.
Era ainda aconselhado não abrir as janelas antes do nascer do sol, não sair de casa, aspergir o interior da casa com vinagre etc. Infelizmente nem sempre estas medidas foram cumpridas à risca, e o lixo e a imundice, continuo de certa forma a acumular-se nas ruas da cidade e arredores.
Até hoje, os historiadores não têm a total certeza, de como teriam ou não sido cumpridas, todas as medidas de protecção e também de punição, no que consta à peste. Sabemos que existiam penas, por infracções às leis sanitárias e sabemos também que essas mesmas penas, variam de acordo com a função da condição social do infractor.
Deste modo, é de constatar as seguintes penas, aplicadas por parte do poder régio e também pelo provedor mor da saúde, ao não cumprimento das medidas de prevenção;
  1. Açoitamento em público, e seguidamente colocado em degredo na Ilha de S. Tomé, durante sete anos;
  2. Ao cavaleiro, escudeiro ou mercador, era aplicada uma pena mais leve e por conseguinte menos vergonhosa, que consistia numa multa e dois anos de degredo, que normalmente era numa aldeia da Beira Interior.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Os C.......s das Caldas

Sabiam que "Arrumador de pinos de boliche" foi profissão?

Sabem qual a origem do nome "Bitoque"? Também não sabia.... e o prego?