A chamada Gripe Espanhola será que teve esse nome por ter começado em Espanha?

A chamada "gripe espanhola" não começou em Espanha e apenas ficou com esse nome porque o país foi neutral na Primeira Grande Guerra e ao contrário dos beligerantes não ocultava a informação sobre os mortos com a enfermidade.

A pandemia teve esse nome porque apareceu quando se estava no auge dessa guerra, com os principais países em confronto, Alemanha, Áustria, França, Reino Unido e Estados Unidos, a suprimir toda a informação sobre o alcance da doença para evitar desanimar a sua população com notícias de mortos.
A Espanha era um país neutral, sem necessidade de ocultar essa informação, o que, segundo o catedrático de Microbiologia da Universidade de Navarra Ignacio López-Góni dava "a impressão completamente errónea" de que o país foi o mais castigado ou que tenha sido aí que a doença começou.
A primeira notícia sobre a doença apareceu em 22 de Maio de 1918 no jornal madrileno El Sol.
Os países que na altura estavam em guerra censuravam as notícias para não desmoralizar as suas tropas e, enquanto aí os artigos sobre o conflito dominavam os títulos de primeira página, em Espanha também se noticiava a epidemia de gripe que estava a matar muitas pessoas.
"É muito provável que a epidemia tenha chegado desde França e podia depois ter chegado a Portugal", disse Ignacio López-Góni, confessando, no entanto, que não tem "informação precisa" sobre essa questão.
Há várias teorias sobre o local onde começou a doença: na base militar de Etables, na costa norte de França; trazida por soldados indochineses (Vietname, Laos e Camboja) que lutaram em França entre 1916 e 1918; ou num acampamento militar no Kansas (Estados Unidos da América) entre militares que depois viajaram para a Europa.
A guerra pode ter afetado o desenvolvimento da doença porque a concentração de milhões de soldados criou as condições ideais para o desenvolvimento de estirpes de vírus mais agressivos e facilitou a sua propagação pelo planeta, segundo o estudioso.
"Não sabemos exatamente qual foi o impacto que teve a gripe no resultado da Primeira Grande Guerra", explica López-Góni.
Os historiadores estão convencidos que morreram entre 50 a 100 milhões de pessoas com a doença, o que representa até cerca de 5% da população mundial, tendo sido contagiadas cerca de quinhentos milhões de pessoas.
Calcula-se que esta gripe matou mais pessoas em 25 semanas do que a sida em 25 anos, assim como mais pessoas faleceram num ano do que num século, durante a peste ocorrida na idade média.
Houve "muito mais mortes [pela doença] do que em toda a Primeira Grande Guerra", resumiu o professor catedrático.



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