Portugal e os regionalismos - recordemos -

 

Portugal e os regionalismos

 

Como é possível num país tão pequeno como Portugal, de região para região se falar de forma tão diferente. Não é só na pronúncia, mas também as palavras que mudam o seu significado, conforme a região onde são ditas.

Por exemplo, entre o Norte e o Sul há profissões que mudam de nome: 

Se um lisboeta (um alfacinha) precisar de um arranjo numa torneira, chama a sua casa um Canalizador. Mas, se o mesmo problema surgir a um portuense (um tripeiro), este chamará um Picheleiro...

Um lisboeta, ou um algarvio, bebe diariamente a sua “bica”. Pois este cafezinho, lá mais para cima, chama-se “cimbalino”.  E a “imperial” em Lisboa, passa a ser um “fino” no Porto.  Se em Lisboa se  bebe um “garoto”, no Porto bebe-se um “pingo”.  No Norte “molete” é “pão” e uma “sandes” pronuncia-se sem “s”.   E assim por diante...., mas viajemos até ao Alentejo, por exemplo:

 

"Abalei.....
- Tu o ...quê??
- Abalei…...
- O que é isso?
- Ora, fui-me embora…


Todo o bom alentejano “””abala”, para um sítio qualquer, que normalmente é já ali. O ser já ali é uma forma de dizer que não é muito longe, mas claro que qualquer aldeia perto no Alentejo está no mínimo a cerca de 30km. Só um alentejano sabe ser alentejano!

Um alentejano “amanha” as suas coisas, não as arranja, um alentejano tem “cargas de fezes”, não tem problemas, um alentejano vai “à do ou à da…” não vai a casa de…, um alentejano “inteira-se das coisas” não fica a saber… No Alentejo não há aldrabões há “pantomineiros” e aqui também não se brinca, “manga-se”.

No Alentejo não se deita fora, “aventa-se” qualquer coisa e come-se “ervilhanas” ou “alcagoitas” (amendoins) e “malacuecos ” (farturas). Os alentejanos não espreitam nada nem ninguém, apenas se “assomam”… E quando se “assomam” muitas vezes podem mesmo ter dores nos “artelhos” (tornozelos)!

As coisas velhas são “caliqueiras” e muitas vezes viaja-se de “furgonete” (carrinha de caixa aberta), algo que pode deixar as pessoas “alvoreadas” (desassossegadas). Quando algo não corre bem, é uma “moideira” (chatice) e ficamos “derramados” (aborrecidos) com a situação, e às vezes as pessoas acabam por “garrear” (discutir) umas com as outras e a fazerem grandes “descabeches” (alaridos).

“Ainda-bem-não” (regularmente) as pessoas têm que puxar pela “mona” (cabeça) para se desenrascarem quando muitas vezes a solução dos seus problemas está mesmo “escarrapachada” (bem visível) à sua frente.

Não estou “repesa” (arrependida) desta crónica, com vista aos detalhes do património oral que nos é tão próximo e muitas vezes de “bradar” aos céus. 

“Dei fé” (pesquisei) as expressões e tentei não criar uma grande “moenga”, apenas quero que guardem algumas destas expressões na vossa “alembradura”!



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