Sabiam que há Países que nunca vieram nos mapas?

EUROPA DESAPARECIDA

Já ouviu falar da Sabáudia? Julga que Borussia é apenas o nome de dois clubes de futebol sediados em Mönchengladbach e Dortmund? Imaginava que Litva chegou a ser o mais vasto Estado da Europa? Nunca considerou a Ruténia como um possível destino de férias?
Os nomes dos capítulos de Reinos Desaparecidos: História de uma Europa quase esquecida (Edições 70), do historiador britânico Norman Davies, mais sugerem um dicionário de lugares imaginários, como o que foi compilado por Alberto Manguel & Gianni Guadalupi. Mas todos estes Estados tiveram existência autónoma, alguns durante vários séculos, outros apenas durante um dia (como foi o caso da Ruténia, que floriu e murchou a 15 de Março de 1939).
A selecção feita por Davies contempla situações muito diversas. Há Estados que, tendo vivido sob jugo estrangeiro durante séculos, mantiveram acesa a chama da individualidade e do independentismo e acabaram por voltar a ser independentes como é o caso da Irlanda, ou estão perto de o ser, como é o caso da Catalunha. Outros, embora tendo sido poderosos, foram de tal modo triturados pela marcha da história que não têm qualquer hipótese de se regenerar, nem sequer têm quem se reclame como seu herdeiro – é o caso de Bizâncio. Outros não passaram de uma entidade diáfana e efémera, sem identidade étnica, linguística, religiosa ou histórica, resultando apenas de uma sucessão de acasos no jogo da sucessão dinástica e da geopolítica, como Rosenau.
A história costuma ser contada pelos vencedores e esta colecção de “reinos desaparecidos” é formada maioritariamente por vencidos, pelo que a sua história não costuma vir nos compêndios, ou, quando vem, é mutilada e distorcida de forma a validar a “narrativa” dos vencedores. É a estes “reinos” que Davies dá voz neste livro de quase 1000 páginas, detalhado, erudito e extraordinariamente denso e em que a geopolítica se cruza com a cultura e com as impressões pessoais recolhidas pelo autor nas visitas a estes territórios.
De todos os “reinos desaparecidos” mencionados no livro, o de Aragão é o mais familiar aos portugueses, quanto mais não seja pelos casamentos entre as duas casas reais. No imaginário português, Aragão ocupa um lugar similar ao de Leão ou Navarra – é um dos vários reinos em que se dividia a Península antes de Castela ter engolido toda a península, salvo Portugal, essa impertinente “ausência rectangular” no mapa dos boletins meteorológicos espanhóis.
Mas Aragão não foi apenas um reino peninsular, foi também um império mediterrânico e a marinha aragonesa chegou a ser “a terceira maior do Mediterrâneo Ocidental, atrás das de Génova e dos emiratos mouros do Norte de África”.

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