Porque razão se chamam Alfacinhas aos Lisboetas?


São várias as teorias, todas elas diferentes mas igualmente curiosas

Alfacinha é uma designação popular de etimologia incerta para designar os naturais de Lisboa.

Sua primeira referência surgiu em meados do séc XIX na obra "Viagens na minha terra" de Almeida Garrett (1846) "Pois ficareis alfacinhas para sempre, cuidando que todas que todas as praças deste mundo são como a do Terreiro do Paço."   Não há a certeza sobre a origem do termo, mas há diversas versões.

De acordo com o gabinete de Estudos Olisiponenses, no ano de 1943 Fernanda Reis publicou um artigo no Boletim do Grupo de Amigos de Lisboa  intitulado Alfacinhas, contando que andou pela capital portuguesa a perguntar a razão do nome: "Explicaram-me que tal alcunha viera aos da capital por serem muito amigos de alfaces e por as comerem exageradamente" Outra razão apontada é que os Lisboetas, tal qual as hortaliças, não se movimentavam muito

Outra explicação é apontada pela revista Lx Metrópole, de Maio de 2002, que especula que o motivo da designação é o gosto dos portugueses por "ir às hortas, em busca de frescura da sombra das árvores e do folguedo" 

Segundo a explicação trazida da coluna O Poço da Cidade num jornal de 1984, o termo advém do facto de na região da cidade de Lisboa a alface ser uma planta abundante, e dada a origem árabe da palavra, ter sido cultivada em larga escala durante o período muçulmano. Esta abundância de alfaces está também ligada a outra explicação apontada pela mesma coluna, que atribui a origem do termo ao facto de esta ter sido o único alimento disponível aos habitantes durante um prolongado cerco. 

Uma das linhas de discussão remete a ocupação de Lisboa pelos Mouros entre 711 e 714. 
Após a ocupação os árabes teriam começado a cultivar o "Al-Hassa", que acabou se transformando em "Alface" na língua portuguesa. A planta era adotada na época para diversos fins, entre eles culinários e medicinais.

Em uma das várias guerras que viriam a acontecer durante a permanência dos árabes, reza a lenda que os moradores teriam apenas alface para comer, o que teria originado a denominação.




Há também quem defenda que uma tribo do Sahara, os saharauii, se instalaram nos arredores de Lisboa e Sintra e daí ter derivado o termo saloio, designando quem estava fora das portas da cidade e ao mesmo tempo abastecia a cidade com produtos hortícolas, como a alface. Foram os saloios que supostamente batizou os Lisboetas domingueiros do séc XIX de alfacinhas, por estes passearem pelos limites da cidade com laços farfalhudos da moda, nas camisas. Esses laços terão lembrado aos saloios,  alfaces.

Outra das teorias conta que, durante o cerco a Lisboa, os lisboetas eram alimentados sobretudo por alfaces trazidas nas suas carroças pelos saloios do vale de Loures. As sopeiras, meninas da província, que serviam os meios abastados, gritavam, chegaram as alfacinhas, popularizando o termo entre os saloios de Loures, que rapidamente começaram a tratar os Lisboetas por alfacinhas. 

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