2 de Maio de 1919 incêndio no Terreiro do Paço e diversas greves....



A 2 de maio de 1919, Lisboa é assolada por inúmeras greves e por um grande incêndio no Terreiro do Paço.
Neste dia, são encetadas, em Lisboa, diversas greves reivindicando aumentos salariais e melhores condições de trabalho, incentivadas, em parte, pelas manifestações do 1.º de maio, a que muitos trabalhadores ocorrem por ter havido tolerância de ponto.
Para além dos transportes públicos (elétricos da Carris), fizeram greve, entre outros, os serviços de limpeza das ruas, os enterramentos e a distribuição de água canalizada.
Enquanto estas greves decorrem, um enorme incêndio eclode no Terreiro do Paço.
Os bombeiros tentam dominar o fogo mas a falta de água devido à greve dos trabalhadores da Companhia das Águas agrava o seu trabalho, acabando as chamas por destruir por completo a direção geral das alfândegas, a repartição dos impostos indiretos da delegação do tesouro, a 3.ª direção das obras públicas e o arquivo do tribunal do comércio.
Calcula-se que, só no arquivo do tribunal, se perderam 20 000 processos.
O fogo só seria dominado às 6 da manhã do dia seguinte, com recurso a água do rio Tejo e a um poço existente no local.
O governo atribui o incêndio a “malvados” que se aproveitaram do facto de não haver água nas torneiras para levar a cabo uma sabotagem de fogo posto.
Durante o ataque ao fogo, são presos diversos indivíduos por andarem a cortar, rasgar e danificar as mangueiras.
Na Capital do dia seguinte, para além de uma extensa descrição sobre o fogo, é publicado um editorial com o título “momento grave”, no qual o articulista, alinhando pelo ponto de vista do governo, afirma:
«Estamos, na realidade, ameaçados d’uma paralisação geral do trabalho […] Por muito boa vontade que o governo tenha de atender determinadas pretensões, elas excedem todas as suas disponibilidades […] o aumento dos salários não é remédio eficaz para as dificuldades da vida […] Mercê do aumento de salário em algumas classes, a vida encareceu ainda mais e, dentro em pouco, os operários notavam que o benefício […] fora mais aparente do que real, porque a sua situação se tornara ainda pior do que d’antes».
Fonte: A Capital n.º 3108, de 03-05-1919

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