Sabiam que antigamente os meninos vestiam rosa e as meninas azul?

ATÉ O SÉCULO XX, MENINOS VESTIAM ROSA E MENINAS USAVAM AZUL.  Vamos entender  COMO TUDO MUDOU


O uso de vestido para ambos os sexos era outra característica curiosa sobre as roupas infantis da época


As discussões sobre género sempre estiveram presentes na nossa História. Nos últimos meses, algo que veio à tona foi a reafirmação dos padrões de cores entre meninos e meninas, sob o discurso de Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos “menino veste azul e menina veste rosa”. Mas o que poucos sabem é que essas cores foram impostas em um passado recente, o que demonstra as bases fluídas sob as quais estão assentadas.
Se uma mãe que criou seus filhos no início do século XX entrasse numa loja infantil hoje em dia, ficaria horrorizada com as roupas destinadas às meninas: nessa época, o rosa lembrava o vermelho do sangue, simbolizando força e masculinidade. Por mais estranho que nos pareça, esse padrão só se modificou com a industrialização dos EUA no pós-guerra.
No princípio era o Branco
Para entender essa história, precisamos voltar a um passado anterior à associação entre cores e género. Na Inglaterra vitoriana, a cor branca e tons pastéis eram o padrão das vestimentas infantis, como foi descrito por Jo B. Paoletti, professora da Universidade de Maryland, no seu livro Pink and Blue: Telling the Boys from the Girls in America. 
Isso não acontecia por existir uma maior democratização em relação ao género, mas sim por questões económicas: na época, a indústria da moda infantil com consumidores sedentos por roupas específicas era quase inexistente. E como era caro produzir roupas com tinturas, as cores eram destinadas às pessoas mais velhas e camadas nobres da população.
Outra característica intrigante sobre as roupas infantis da época era o uso de vestido. Ambos os sexos tinham esse item como essencial, provavelmente pela facilidade na higiene e movimentação dos pequenos - um belo exemplo disso é a famigerada foto do estadista Franklin Delano Roosevelt aos 2 anos de idade, mostrando a adesão dos EUA aos padrões vitorianos. A partir dos cinco anos, os padrões de roupas começaram a se diferenciar para ambos os sexos.
Cores trocadas
Entre o fim do século 19 e o início do século 20, passou-se a definir as cores "certas" para cada género, de acordo com padrões que vinham do século 18: era o contrário do atual.
Segundo Gavin Evans, o escritor e especialista em cores, o azul sempre foi associado à Virgem Maria e a delicadeza das mulheres, enquanto o rosa estava ligado ao vermelho, visto como uma cor forte e enérgica que traria mais masculinidade aos garotos.
Essas questões, puramente sociais, que vinham desde séculos anteriores, determinavam um suposto “padrão psicológico” para o uso das cores.
Foi apenas na esteira da Segunda Guerra Mundial que o cenário mudou. Entre 1920 e 1950, com a crescente industrialização dos EUA, o azul passou a ser subitamente comercializado por vendedores de retalho como a cor perfeita para homens, enquanto marcas de moda afirmavam que o rosa era a cor mais delicada.
Com o tempo, essa dicotomia foi se espalhando para brinquedos, acessórios, berços e desenhos animados, agitando a indústria infantil e gerando os padrões que hoje temos como verdade.
Segundo a psicanalista Fani Hisgail, “A afinidade com alguma cor não determina personalidade ou sexualidade”. Pelo contrário: ter afinidade a algo não pertencente ao seu género determina apenas o modo como nossa sociedade classifica valores e crenças através dos tempos.
Aliás, é sempre bom lembrar da diferença entre género e sexualidade: enquanto orientação sexual é a atração por pessoas do mesmo sexo, de sexo diferente ou ambos, género é a forma como a pessoa se identifica, não dependendo de sexualidade ou do órgão com o qual a pessoa nasceu.
É pelo fato de serem socialmente construídos (como bem demonstram as cores azul e rosa) que géneros podem ser criados, modificados e transformados, gerando inúmeras possibilidades de "ser humano".

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