Acham que as vagas de calor são apenas noticias da actualidade?


“Uma escaldante onda de calor está varrendo Portugal, tendo elevado a temperatura a 45,5ºC à sombra. Em Lisboa a temperatura subiu a 35ºC, tendo sido em Elvas que se registou o máximo de 45,5ºC". A notícia podia ser de agora, mas não é: foi publicada em 1949, no jornal A Manhã. E se ouvir dizer por aí que “a vaga de calor que passou sobre o país nos últimos dias provocou incêndios nas florestas”, não pense que só agora é notícia, porque já em 1938 foi escrito, no Diário da Tarde. 

O calor em Portugal tem estado presente nos jornais — portugueses e não só — ao longo dos anos, em episódios que marcam a história.
Sábado, 4 de agosto de 2018, foi o dia mais quente deste século em Portugal continental. Os valores médios da temperatura máxima, 41,6 graus, e da temperatura mínima, 23,2 graus, foram também os mais altos dos últimos 18 anos. A temperatura máxima do ar mais alta foi de 46,8 graus e registou-se em Alvega, Abrantes.
Em comunicado, o IPMA adiantou que os valores médios da temperatura mínima, que foram superiores a 40 graus em três dias consecutivos (40,1, 40,9, 41,6, respetivamente 2, 3 e 4 de agosto), confirmam o caráter excecional deste episódio de calor em Portugal.
Contudo, recuando no tempo — e olhando para jornais de época — percebe-se que o calor tem sido notícia ao longo dos tempos. Em 1884 já se falava num calor “tão intenso em Portugal que tinha danificado a vegetação”, bem como da “falta de água” em 1919. 

Já em 1930, “em Lisboa a temperatura subiu como nunca”, falando-se até num “calor tropical” que fez “numerosas pessoas desmaiarem nas ruas”. No mesmo ano — e à semelhança de 2018 — o verão “tardou mas chegou” e isso fez “as alegrias dos cervejeiros” na capital do país. Mas se o verão com altas temperaturas foi noticiado, de fora não ficou a neve em pleno mês de Julho, em 1889, na Guarda.
E porque os incêndios também não são notícia de agora, em 1932 registou-se um “violento incêndio na floresta de Sintra, ameaçando as vilas circunvizinhas”. 

Em 1938 e 1943, as páginas dos jornais também os assinalaram. “A vaga de calor que passou sobre o país nos últimos dias provocou incêndios nas florestas” e “nos campos e nas matas”, havendo também referência a uma “tal violência que ameaça atingir as casas”.
O desespero das populações e a admiração pelos fenómenos verificados também foi sendo referida. 

Em 1949, a onda de calor em Lisboa “causou tremendo pânico” e “centenas de pessoas desmaiaram nas ruas, principalmente mulheres. Muitas aterrorizadas e julgando que havia chegado o fim do mundo, começaram a rezar”. Em Coimbra, o rio Mondego “ficou seco em várias partes” e “viam-se amontoados milhões de peixes mortos”. Afinal, registaram-se “45ºC à sombra”.

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