Todos já ouviram falar da famosa festa dos Tabuleiros de Tomar, mas será que conhecemos a sua história?

Festa dos Tabuleiros é a celebração mais importante da cidade de Tomar, Portugal e uma das maiores e mais antigas do país, sendo a Festa que atrai mais visitantes em Portugal, cerca de meio milhão de pessoas apenas no dia do Cortejo dos Tabuleiros. É também considerado um dos maiores Festivais do Mundo, tendo adquirido estatuto e fama internacional, sendo hoje em dia um dos ícones culturais de Portugal. Também conhecida como a Festa do Espírito Santo, realiza-se de 4 em 4 anos, no início do mês de Julho.
O traço mais característico desta festa é o Desfile ou Procissão dos tabuleiros, que representam as freguesias do concelho e percorre a ruas de Tomar por 5 km, ladeado pelas colchas que a população pendura à janela, e os milhares de visitantes que vêm se deslumbrar por essa profusão de cores.
Tradicionalmente, o tabuleiro é transportado por uma rapariga vestida de branco e terá de ter a altura da mesma. Este é decorado por flores de papel colorido, espigas de trigo, 30 pães, de 400 gr cada, enfiados em canas que saem de um cesto de vime evolvido por um pano banco bordado. O topo do tabuleiro é ainda composto por uma coroa encimado pela Cruz de Cristo ou a Pomba do Espírito Santo.
Além do Desfile, a Festa é constituídas por diversas cerimónias tradicionais como o Cortejo das Coroas, o Cortejo dos Rapazes, o Cortejo do Mordomo ou a chegada dos Bois do Espírito Santo os Cortejos Parciais e os Jogos Populares.
Outra das tradições mais antigas e originária de Tomar, presente na Festa dos Tabuleiros, são os tapetes de flores de papel nas ruas da cidade. As ruas do centro histórico e hoje em dia um pouco por toda a cidade são ornamentadas com flores dando cor e alegria à cidade templária. Recentemente, no final do séc. XX, a decoração das ruas com tapetes de flores de Tomar começou a ser replicada por outras festividades em todo o país, embora com uma dimensão bastante menor.
No dia a seguir ao Cortejo, ainda se mantém a tradição da Pêza que consiste na partilha do pão e da carne pelas populações.
Acredita-se que se trata de uma das mais antigas festas do nosso país remontando às festas do imperador, instituídas por D. Dinis e pela Rainha Santa Isabel, no quadro do culto do Espírito Santo. Têm também a ver com práticas ancestrais de entrega das primícias das colheitas a Deusa Ceres e de celebração da fertilidade da terra. E há ainda uma componente mais recente, também presente nas Festas dos Açores, com o seu quê de inspiração franciscana, de celebração igualitária da fraternidade e da partilha dos frutos da terra: o bodo e a ceia comum. Segundo alguns autores a sua origem encontra-se nas festas de colheitas à deusa Ceres.
Repare-se que Tomar era sede Templária, e a ordem do Templo sempre foi acusada pela inquisição de desvios doutrinários, senão de heresia, até ser extinta pelo Papa Clemente V em 1307.
Os símbolos do Espírito Santo estão bem presentes no alto tabuleiro que as raparigas transportam no cortejo: no topo a pomba e a coroa e de alto a baixo os pães enfiados em cana (aos quais se atribuíam virtudes milagrosas), flores de papel (tradicionalmente, papoilas) e, ainda, espigas.
No século XIX encontram-se referências às festas do Espírito Santo, e até 1895 fazia-se o cortejo anual à Sexta-feira, por alturas do dia 20 de Junho. Depois de 1914, passou a fazer-se ao Domingo.
A antiga tradição do sacrifício dos bois, cuja carne seria depois distribuída por todos (como acontecia no penedo, após a tourada à corda), manteve-se até 1895. A partir de 1966, os bois do Espírito Santo voltaram ao cortejo, mas agora só com funções simbólicas.


A construção do tabuleiro

  • 1: O aparar das pontas das canas para entrarem melhor no entrançado do cesto.
    O Cesto deve ser posto de molho 12 horas antes.
    Para que as canas entrem mais facilmente no tabuleiro e, para que depois destas estarem secas, fiquem mais firmes.
  • 2: O fixar das canas ao cesto colocadas a igual distância.
    Canas flexíveis e resistentes, colhidas próximo da maturação.
  • 3: Colocadas as canas, o espetar do 1º pão. Pães de 400 gr, tipo "tabuleiros", alongados e roliços, com cintura como se vê na gravura nº4.
  • 4: Os primeiros 15 pães já estão colocados.
  • 5: Todos os pães colocados.
  • 6: O colocar da coroa.
  • 7: Coroa já colocada.
  • 8: O atar da coroa às canas.
  • 9: A travagem de pão a pão.
  • 10: Outra fase da travagem.
  • 11: Travagem concluída e ponta das canas que sobressaem já cortadas.
  • 12: Colocação do arame grosso, desde a coroa ao cesto, passando pelo cruzamento das canas de travagem.
    Este arame é dispensável se a travagem pão a pão ficar bem firme.
  • 13: Ornamentando a coroa.
    A Coroa tanto pode ser enfeitada com papel, a condizer com a ornamentação geral do tabuleiro, como pintada a dourado ou a prateado.
  • 14: Colocação da verdura (neste tipo de ornamentação).
  • 15: Preparando os raminhos de flores.
  • 16: Colocação dos raminhos.
  • 17: O acabamento da ornamentação da coroa, antes da colocação da pomba.
  • 18: Já totalmente ornamentado, com a pomba colocada e a toalha a envolver o cesto.
Nota: A Pomba do Espírito Santo é a preferência; mas admite-se a sua substituição por uma cruz, muito especialmente a Cruz de Cristo.


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