Sabem qual a origem da expressão "por uma unha negra"?

A expressão "por uma unha negra", é normalmente utilizada quando nos desejamos referir a alguma situação na qual alguém, ou algo, escapou ileso a determinado acontecimento, ou saiu vitorioso de determinada situação, mas sempre de uma forma "curta", ou seja, de uma forma que indiciava um desfecho condenado ao fracasso, transformando-se porém, numa "jogada" vitoriosa de um momento para o outro.

Parece que esta expressão terá tido a sua origem, durante uma discussão familiar entre um casal que possuía um estabelecimento comercial pioneiro, no qual se juntavam dois ramos de negócio, para muitos antagónicos, mas para este casal o núcleo da sua relação duradoura. 

O estabelecimento comercial era composto por uma padaria a funcionar na frente do edifício e por uma oficina automóvel que funcionava nas traseiras do mesmo, ostentando um nome, ao que parece, muito sugestivo: "Forn e CAR". 

Os dois membros do casal trabalhavam afincadamente nos dois ofícios e o marido, personalidade muito obsessiva, tinha o cuidado de usar sempre luvas de latex quando fazia algum trabalho de mecânica, para não sujar as mãos e as unhas, pois não queria ir posteriormente amassar a massa para o pão, de mãos inundadas de óleo automóvel.

Um dia mais atarefado, o marido esqueceu de calçar as luvas e enquanto reparava o motor de um BMW, tinha também, no forno a escaldar, uma remessa de massa para cacetes. 

Num descuido inocente durante a afinação do motor, sujou a unha do dedo indicador e aterrorizado, porque perdera o controle sobre a sua obsessão, começou a pensar no pão que estava no forno e no como a sua unha suja, o iria impedir de retirar o pão do forno, pois a sua obsessão pela limpeza era tal que não o deixava raciocinar de forma clara. 

Na sua aflição, correu para casa para limpar de forma frenética a sua unha do dedo indicador, mas ao atravessar a estrada, pois morava no outro lado da rua em relação ao seu estabelecimento, ia sendo atropelado por uma carrinha e ficou estatelado no chão, atordoado. 

Para complicar tudo isto, a carrinha que ia vitimando o homem, era a sua carrinha da distribuição do pão, conduzida na altura pela sua mulher. A mulher saiu do carro e ao ver o seu marido ali estendido no chão, nem se preocupou com a integridade física do marido, perguntando-lhe de imediato pelo pão que estava no forno, ao que o homem reagiu de forma apática dizendo, ainda em choque:

- O pão?? Eu esqueci-me do pão! Deve estar todo queimado! Sujei a unha de óleo e não podia ir ver do pão assim!

A mulher respondeu em completo estado de loucura:

- O quê???? POR UMA UNHA NEGRA??!! Por causa de uma unha negra deixaste o pão queimar?? Devia ter-te atropelado!! Assim ficavas todo negro, não era só a unha...

E deste acontecimento, desta discussão entre uma mulher histérica e um marido obsessivo e envergonhado, que por pouco escapou à morte, ao infortúnio, se originou esta expressão que utilizamos hoje em dia com alguma frequência.